Quando me voluntariei para coordenar a campanha em Lisboa, fi-lo com base em várias convicções.

A primeira foi a de que as divergências internas que tenhamos – e temos! – no seio do partido, até mais de caráter executivo e operacional do que programático e ideológico, não comprometem que nos unamos em torno do objetivo comum que partilhamos enquanto liberais. Pertencer a um partido político é assumir que aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa. Não me faz sentido de outra forma.

A segunda é uma convicção essencialmente egocêntrica, que não escondo. Tenho três filhos bebés e não consigo conceber que eles viessem a escolher Portugal para viver se os próximos vinte anos fossem iguais aos últimos vinte. É algo que não pode acontecer. Pelo menos, não sem que lhes possa garantir tudo ter feito para o impedir.

E a terceira é a convicção de que a campanha é determinante para o resultado das eleições. O voto é um ato essencialmente emocional. Dos cerca de cinco milhões e seiscentos mil votantes, pouco mais de cinco por cento toma a sua decisão de voto com base em critérios essencialmente de proposta política. São a bolha politizada. A esmagadora
maioria vota por identificação. É o carisma, a empatia, a efusão, a paixão, a revolta, o efeito galvanizador. Os sentimentos, bons e maus, que os partidos, e sobretudo os políticos que os partidos apresentam, nos despertam. A forma como nos cativam. E a campanha é isso. Mais do que o programa é a forma como ele é apresentado e comunicado. E aqui qualquer um dos mais de sete mil membros da Iniciativa Liberal pode fazer a diferença. Nem todos terão perfil e vontade para ser atores políticos, para produzir conhecimento ou para gerir equipas, mas todos podem sair à rua, dar a cara pelas ideias liberais e com isso conquistar votos. Ninguém quer votar no candidato que não convence, que parece que vai perder, que não mobiliza, que não arrasta multidões. E na construção dessa percepção, todos os militantes e simpatizantes contam o mesmo, todos importam. Se queremos ver as ideias liberais representadas no Parlamento com a força que os mandatos lhes conferem, temos de assumir essa responsabilidade. Eu assumi a minha e agradecerei um a um na noite do próximo dia 10 de março a todos quantos tenham entendido aliar-se neste combate pelo nosso futuro coletivo.

Parafraseando um slogan político com mais de cinquenta anos, a luta continua, mas a vitória não é certa. Depende de nós.


Artigo publicado no Megafone Liberal