“Sem prejuízo de voltar a este tema mais vezes e insistentemente mais perto das eleições de 10 de Março deste novo ano de 2024 que agora começou, ensaio aqui um conjunto vasto de razões pelas quais entendo que certos grupos de pessoas, de determinadas tipologias sócio-económicas, residentes em Portugal e no estrangeiro, que sendo eleitores no próximo sufrágio que elegerá os 230 deputados à Assembleia da República não devem votar na Iniciativa Liberal.

Findo este primeiro parágrafo e depois de confrontado com o título da presente crónica, certamente que o leitor estará já bastante confuso e a pensar que possa haver aqui uma série de erros e gralhas no texto.

Com efeito, um liberal convicto, para mais membro activo do único partido político português verdadeiramente liberal — ainda por cima quer sendo o autor quer o partido a que pertence assumidamente liberais e sem nenhuns preconceitos — e, portanto, em toda a linha, i.e., política, económica e social, vir para aqui dizer para não voltarem na IL será no mínimo estranho. Não é verdade? Talvez seja.

Ou terá o autor deste tresloucado artigo de opinião feito um pacto com o Diabo? Bem, quanto a isso dúvidas não subsistem pelo nome deste magnífico projecto jornalístico fundado pela insubstituível Vera Lagoa.

Sim, é mesmo verdadeiro o título da crónica desta semana. Passo então a explicar, com três exemplos práticos e muito concretos, as razões de ciência por que defendo esta ideia:

Que sentido faz votar na Iniciativa Liberal alguém de classe média que, vivendo integralmente do rendimento do seu trabalho — quer por conta de outrém (trabalho dependente) ou por conta própria (trabalho independente) —, paga com gosto uma quantia brutal em impostos directos? Que lê com manifesta felicidade todos os seus recibos mensais de vencimento emitidos pelo empregador ou os recibos verdes que passa, onde constata com regozijo a entrega ao Estado português de uma retenção na fonte e uma liquidação anual de IRS que pode atingir os 48% do seu salário?

Se a pessoa é esclarecida, está feliz e contente por entregar ao Estado todos os meses e todos os anos quase metade daquilo que aufere de salário em impostos directos, pois que vote PS e restante tralha marxista para a formação de uma Geringonça II que os leve a atingir um valor de 50% e mais meia dúzia de escalões.

Nós, na Iniciativa Liberal, com Rui Rocha, João Cotrim Figueiredo, Carlos Guimarães Pinto e todos os demais líderes (passados e futuros) não estamos em condições de poder satisfazer estas pessoas. Na medida em que a nossa acção política, quer seja em intervenção directa num futuro Governo, quer seja na Assembleia da República a influenciar as medidas aprovadas pela maioria que sustentará o próximo Executivo iria defraudar, irreversivelmente, as suas expectativas. Pois connosco os impostos directos e o número de escalões de IRS serão mesmo para baixar e reduzir substancialmente. As nossas propostas nesta matéria não serão um faz de conta como irão propor certas coligações de partidos aliados democráticos que, aliás, são famosos por aumentar impostos quando prometem baixá-los… Não. Nós — os liberais sem mas nem acrescentos — não mentimos porque não prometemos o que não fazemos. Pelo que, quem esteja nesta situação plausível, por favor não vote na Iniciativa Liberal.

Mães e pais, avós e avôs, tias e tios, madrinhas e padrinhos que estando radiantes por saberem, suspeitarem ou ansiarem que os vossos filhos e netos, sobrinhos e afilhados decidiram ou venham a tomar a decisão de emigrar para países liberais onde irão conseguir viver melhor e progredir na vida pelos rendimentos fruto do seu trabalho. Que estão confortáveis e serenos com essa decisão dos vossos jovens e petizes em abandonar Portugal e que, não raras vezes, tencionam por lá ficar talvez para sempre. Que, sem falsas promessas, virão a Portugal para vos visitar uma vez por ano, durante 15 dias (porque os outros 15 serão para dedicar às viagens que, legitimamente, pretendem fazer em ordem a conhecer outras latitudes do mundo). E que, por sua vez, irão constituir família que não verão crescer todos os dias perto de vós, pois não votem na Iniciativa Liberal no próximo dia 10 de Março.

Seria uma tremenda irresponsabilidade e um acto de loucura insanável que pessoas que se revejam nesta hipótese provável pudessem votar na Iniciativa Liberal, pois somos o único partido político português que, sem tibiezas, nem inquietações ou quaisquer receanças, tudo irá fazer — quer estejamos no Governo ou na oposição — para modificar a economia portuguesa de modo a impedir que os nossos jovens e menos jovens continuem a se ver na iminência de ter de emigrar para destinos liberais. Isto porque, precisamente, temos como objectivo tornar Portugal num desses países. Ou seja, num país mais liberal, com uma economia forte e onde seja possível viver e crescer através do trabalho, sem que o Estado nos leve quase tudo em troca de nos dar quase nada.

Pessoas em geral, de todas as classes sociais, que se sintam bem com o estado actual da Saúde em Portugal não votem na Iniciativa Liberal. Seja por quererem um SNS público e totalitário. Por compreenderem perfeitamente tudo o que tem acontecido — e que sabendo bem que os sucessivos Governos têm investido mais e mais dinheiro todos os anos na Saúde — não se importam de esperar 10, 12, 15, 18 e sei lá quantas mais horas de espera para serem atendidos nas urgências e noutros serviços dos hospitais e centros de saúde, naturalmente quando estes não se encontram encerrados. Que aceitam com toda a naturalidade a morte de utentes, doentes e grávidas por falta de recursos e pura incompetência administrativa. Que toleram partos ocorridos em ambulâncias, quando as há, em táxis e transportes equiparados, durante os trajectos que chegam a atingir centenas de quilómetros.

Enfim, pessoas que aqui e ali vão constatando com alegria e condescendência melhor atendimento e qualidade de serviço prestado por clínicas veterinárias aos seus “pets” do que aqueles que recebem para si próprias no Serviço Nacional de Saúde, não votem jamais na Iniciativa Liberal, mais quando o PS de Pedro Nuno Santos e “sus muchachas e muchachos” do PAN, Livre, BE e PCP têm soluções finais para estes e outros problemas de Saúde.

Pois, como está bem de ver, só se tiverem tido uma meningite ou sofrido uma trombose grave poderão ponderar votar na Iniciativa Liberal. Partido político que apenas pretende colocar o cidadão (utente e doente) no centro da preocupação das políticas públicas com a Saúde. Garantindo a toda a gente os cuidados de que necessitam, em tempo útil, com exigente qualidade, independentemente de quem presta os serviços médicos e hospitalares em causa. Isto é, sem dogmas patéticos de índole ideológica.

Dito isto, não sejam doidos varridos e não votem na IL se querem que o país fique na mesma, invertebrado como uma lesma!”


Publicado no Jornal O DIABO