Dezembro: o ano de 2022 terminou com a demissão do ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que já antes tinha ensaiado uma ruptura pública com António Costa, em que todos nos lembramos daquela patética reunião dramática entre ambos em S. Bento. Tudo desta vez se desmoronou por causa da ridícula obsessão pela “TAP” – nacionalizada pelo primeiro Governo da “geringonça” para satisfação das alas marxista-leninista-trotskista-estalinista do BE e do PCP, responsáveis pela ascensão de António Costa a primeiro-ministro sem ter vencido eleições – e pela sua decisão em autorizar o valor de meio milhão de euros de indemnização à ex-administradora Alexandra Reis, que saiu da “TAP” para ingressar no Governo como secretária de Estado.
Janeiro: o início deste ano foi marcado pela escolhas que António Costa fez para substituir Pedro Nuno Santos com a separação das pastas da Habitação e das Infra-estruturas, tendo a primeira sido entregue a Marina Gonçalves – uma jovem inexperiente com um currículo político de ascensão fulminante que, em poucos anos, a transformou em assessora do gabinete do então secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno, e do Grupo Parlamentar do PS, depois em secretária de Estado da Habitação do mesmo Pedro Nuno, já ministro e, após a sua demissão, em ministra, contrastando brutalmente com o elevador social português, há décadas avariado entre a Cave e o Rés do Chão. No lado das Infra-estruturas, a escolha de João Galamba imediatamente fez prever o pior, como uns meses mais tarde se confirmou.
Fevereiro: foi o momento escolhido pela ministra da Habitação para apresentar serviço através de um pacote incompetente e apressadamente elaborado que colocou o país em alvoroço, pondo uns contra os outros, sendo os “bons” os que “defendem” e os “maus” os que atacam, “in casu”, os senhorios e os donos dos Alojamentos Locais, outrora incentivados pelo mesmo PS a recuperarem os milhares de prédios urbanos devolutos espalhados nas baixas moribundas das nossas cidades, a quem, depois dos investimentos feitos e das casas recuperadas, roubam as licenças e impedem a respectiva actividade, “apedrejando” na praça pública estes pequenos empresários como os culpados pelo aumento descontrolado do preço das rendas.
Março: foi escolhido pelo inenarrável Medina para promover mais uns “vouchers” e cabazes característicos deste feirante Governo. Como o apoio mensal de 30 euros às famílias mais pobres, o aumento intercalar dos salários da Função Pública e a criação do famoso, mas pouco proveitoso, cabaz essencial com 0% de IVA, que ninguém sentiu, sendo além do mais uma contradição insanável com a irredutibilidade em baixar impostos, como sempre exigiu a Iniciativa Liberal. As classes médias ficaram de fora desses apoios, continuando desesperadamente a pagar tudo a todos neste país.
Abril: o 49º aniversário do 25 de Abril ficou manchado pela inqualificável prestação do Presidente da Assembleia da República: o malhador socialista Augusto Santos Silva, que insistiu na infeliz ideia de receber na Assembleia da República o recém-eleito Presidente do Brasil Lula da Silva, embora em cerimónia independente, imortalizando em vídeo – entretanto apagado à boa maneira da velha enciclopédia soviética – a explicação do ralhete feito a deputados eleitos num tom jocoso, como é seu apanágio.
Maio: trouxe para a praça pública uma espalhafatosa desinteligência que meteu gritaria, puxões de cabelos e pancadaria, entre vidros partidos e portas arrebentadas em pleno Ministério das Infra-estruturas, entre assessores e chefe de gabinete do ministro João Galamba. Um rol de coisas feias nos meandros da política portuguesa, mas que não surpreenderam tendo em conta o protagonista dos desacatos. Ficou para a história aquela histérica conferência de imprensa do perturbado ministro e a Comissão Parlamentar de Inquérito que se seguiu e expôs a nu todo aquele “western spaghetti” rodado nas instituições democráticas portuguesas e envolvendo o SIS. Vimos uma versão de Galamba nitidamente acalmado na audição àquela CPI. Acabaria por apresentar o pedido de demissão, depois de referir por diversas vezes que não o faria.
Junho: tensões entre Presidente da República e primeiro-ministro, com a recusa de António Costa em aceitar o fraudulento pedido de demissão de Galamba, numa confrontação de poderes da qual o PM saiu aparentemente vencedor, derrotando a pretensão do PR em ver demitido o abominável ministro.
Julho: a aberrante guerrilha de Sá Fernandes com Carlos Moedas sobre a Jornada Mundial da Juventude mostrou um lado sombrio do Governo e dos seus capangas. Ficando para as vésperas do evento a apresentação dos Planos de Segurança e Mobilidade, provocando a irritação dos munícipes lisboetas com o intuito de capitalizar esse descontentamento, que julgavam recair sobre a Câmara Municipal de Lisboa.
Agosto: o sucesso da JMJ e da visita do Papa Francisco ofuscou toda a mesquinhez usada abundantemente pelo Governo contra a CML, que capitalizou os louros do evento. Já a Saúde em Portugal bateu novos recordes negativos, com mortes a lamentar por culpa da estatização do SNS, que instalou o caos nas urgências e noutros serviços.
Setembro: mais um regresso às aulas sem professores, com milhares de alunos sem aulas e professores contratados a dormirem em carros por falta de habitação, em virtude da má política de colocação territorial.
Outubro: conhecidas as medidas propostas pelo Governo para o Orçamento de Estado de 2024, das quais destaco o famigerado IUC que, caso não houvesse eleições legislativas antecipadas por força da queda do Governo, iria mesmo aumentar naquelas proporções diabólicas que castigavam os proprietários de veículos antigos, indo em alguns dos casos atingir, a prazo, valores de cerca de 800 euros de imposto de circulação.
Novembro: o Governo socialista que iniciou o mandato praticamente em decomposição, acabou por sucumbir às mãos do próprio primeiro-ministro, que apressadamente apresentou a sua demissão em consequência das investigações do Ministério Público relativas à operação “Influencer”, constituindo arguidos, entre outros, o chefe do seu gabinete e o seu melhor amigo, isto depois da Procuradora-Geral da República ter incluído o famoso último parágrafo na nota oficial em virtude da exigência de esclarecimentos pelo primeiro-ministro quanto à existência de uma investigação criminal sobre si próprio e que sabemos se ter verificado.
Dezembro: o ano encerra com a eleição de Pedro Nuno Santos como o novo líder do PS. A sua ascensão não deixa de ser extraordinária, tendo em conta as razões pelas quais se demitiu no mesmo mês do ano anterior. Nomeadamente a célebre indemnização de 500 mil euros que autorizou, por “WhatsApp”, à ex-secretária de Estado Alexandra Reis, aquando da sua saída da administração “TAP”, e que foi revertida, tendo ainda sido demitida a sua CEO pelo ministro das Finanças e pelo seu tenebroso sucessor, também a ser investigado pelo MP pela suspeita da prática de vários crimes contra o Estado, do qual foi um dos mais execráveis governantes de todos os tempos.
Os socialistas revelaram o que pensam sobre esta forma de gerir a coisa pública, bem como o que desejam para o futuro do país em termos de opções políticas, i.e., o desejo de uma “geringonça” 2.0 com o Livre, o BE e o que restar do moribundo PCP – liderado por um funcionário, aliás notável, designado pelo comité central do museu de artesanato da Soeiro Pereira Gomes –, deixando assim bem claro perante todos os portugueses qual o seu efectivo carácter.
A todos os leitores, sem excepção, um excelente ano novo de 2024!


Artigo publicado originalmente no Jornal O DIABO