Lembram-se dos dias em que sonhar com uma reforma estrutural em Portugal era como um amor proibido, daqueles que “nem às paredes confesso“, como cantava Amália? Hoje, reformar é radicalismo, uma acusação frequente para tudo o que não caiba no espectro político de alguns. Depois de o PS governar 21 dos últimos 28 anos, figuras políticas da esquerda, entre elas Pedro Nuno Santos (PNS), usam o termo “radical” para descrever as políticas e ações de outros, esquecendo os seus próprios radicalismos em formas de inércia e erros que, esses sim, tiveram graves consequências para as instituições e para o país.

Talvez à procura de um lugar como dirigente da extrema-esquerda, PNS defendia que Portugal não deveria pagar a sua dívida externa. Já como líder de facto da esquerda radical, desempenhou um papel central na criação da Geringonça, projeto político que uniu o PS a partidos contrários à liberdade individual, antissistema, à NATO e à União Europeia. Depois, como membro do Governo, PNS eleva o seu radicalismo ao quadrado e deixa ao país: um mercado da Habitação em coma e políticas para a Habitação irrealistas e insuficientes. Uma política de Transportes e Infraestruturas infantil – como foi a decisão da expansão do aeroporto de Lisboa, revogada pelo Primeiro-Ministro –, a decadente gestão da CP, e a sua obra-prima: a injeção de 3.2MM€ irrecuperáveis na TAP e cujo plano de reestruturação se fez à conta de trabalhadores e frota. Finalmente, a cereja no topo do bolo: indemnização de Alexandra Reis, tratada via Whatsapp e que culminou, já depois da sua demissão, num arrastar do Ministério e Governo para um caso gritante de degradação das instituições.

A política é um campo dinâmico e em constante mudança, e sabemos que a perceção pública dos políticos pode variar bastante ao longo do tempo. Mas PNS foi e é consistente nas suas ações políticas, alinhadas com o Bloco de Esquerda e PCP, e, como membro do Governo, acabou por se demitir, tal a dimensão irresponsável das suas políticas e da sua conduta. E quer assim ser Primeiro-Ministro?

Por outro lado, a Iniciativa Liberal (IL) apresenta propostas verdadeiramente alternativas, responsáveis, moderadas e credíveis. Um caminho novo que tire Portugal deste marasmo social e económico. Propostas que buscam o progresso de Portugal de maneira sustentável e sensata. Em vez de rótulos vazios e hipócritas, achamos que é preferível olhar e discutir o mérito das políticas e considerar como podem beneficiar a sociedade.

Questionemos: O Manuel, bracarense, empregado na principal unidade fabril, que se farta de trabalhar, procura ter mais dinheiro para constituir família, poupar ou comprar casa. É radical por defender uma reforma fiscal ágil que lhe permita ter mais dinheiro ao final do mês? A Dona Antónia, moradora em Algueirão Mem-Martins, que tem de estar na fila no centro de saúde às 4h00 da manhã para marcar uma consulta. Por querer uma reforma através do SUA-Saúde para conseguir ter melhores acesso e cuidados, é radical? A Margarida, de Aveiro, atualmente desempregada, que tem de enfrentar filas à mesma hora para ser atendida num centro de segurança social. Por exigir simplificação e melhoria dos serviços administrativos do Estado, é radical? Os pais da Maria, moradora no Porto, que não encontram escola pública perto da sua área de residência, por defenderem a liberdade de escolha no sistema educacional, são radicais? O diretor da escola em Leiria, que “reza” pela autonomia e descentralização de recursos para escolas públicas para gerir os mesmos da melhor forma e melhorar a qualidade do ensino para os seus alunos, é radical?

E outras propostas da IL, como a manutenção das proteções sociais para quem realmente precisa, através de políticas transparentes e de sustentabilidade do sistema para as gerações atuais e futuras. A revitalização do mercado habitacional. Políticas liberais para cultura e ambiente. Defender a privatização de serviços públicos ineficientes e de empresas zombie como a TAP e a CP ou ainda ser o primeiro partido na linha de defesa internacional da liberdade em países oprimidos por ideologias totalitárias, e defensor dos compromissos internacionais de Portugal. Propostas radicais dizem os que trouxeram Portugal à estagnação e à degradação dos serviços públicos.

A política não deveria ser uma arena de acusações superficiais, mas sim um espaço onde as ideias são avaliadas com base no seu mérito e no interesse público. “Não queiras gostar de mim” Pedro Nuno, mas antes de tu e os extremistas rotularem as propostas da IL, que o façam de forma séria, após um debate cuidado sobre os méritos e deméritos do seu potencial impacto na vida dos cidadãos e no futuro de Portugal. Venham a terreiro discutir o radicalismo não no sentido negativo do mesmo, mas sim como o mostramos: um verdadeiro compromisso com a mudança positiva para o país.

Portugal, “não me dês nada que ao fim não mereça”, mas julga-nos nas urnas pelo que defendemos realmente. Se ser radical significa propor medidas que promovam a liberdade de escolha, autonomia, transparência, responsabilidade com coragem, e prosperidade para todos então, Portugal, acredita mesmo: “de quem eu gosto” é de ti e radical me confesso!

Liberais, temos um país para defender, reformas para implementar e para tal, umas eleições para ganhar. Por Portugal! Vamos a isso!


Publicado no Observador