O tema do 25 de Novembro ganhou uma nova atualidade na discussão política após o anúncio por parte do presidente da Câmara de Lisboa sobre a celebração dessa data na capital do país.

Carlos Moedas fez bem. O 25 de Novembro de 1975 representa uma data histórica que deve ser devidamente assinalada e celebrada. Se o 25 de Abril se inscreveu na História como o dia em que foi derrubada a ditadura e é celebrado como o Dia da Liberdade, a verdade é que o 25 de Novembro marca o dia em que Portugal trilhou, de forma clara, o caminho para uma verdadeira Democracia.

Passados todos estes anos sobre a Revolução de Abril e o famoso “Processo Revolucionário Em Curso” (PREC), já vai sendo tempo de o país reconhecer este dia e celebrá-lo, pois a verdade é que sem Novembro não se teria cumprido Abril.

Este assinalar do 25 de Novembro ganha ainda mais sentido num tempo em que se amplificam os extremismos, à Esquerda e à Direita, pelo que nunca é demais celebrar as datas que trouxeram Liberdade e Democracia ao nosso país. Não se trata de menorizar uma data perante a outra, mas sim de celebrar as duas. É graças às duas que hoje posso escrever, de uma forma livre, estas linhas.

Sem Novembro, Portugal teria regressado a um regime ditatorial, agora de Esquerda, à semelhança dos que existiam à época em vários países do Leste da Europa, e os portugueses teriam sido novamente impedidos de viver em Liberdade e em Democracia.

Ninguém explicou aos vereadores do PS o papel de Mário Soares na luta contra a tentativa desses partidos radicais de Esquerda de impor uma nova ditadura em Portugal?

Perante tudo isto, torna-se assim difícil de perceber os acontecimentos recentes na autarquia de Lisboa. Depois do anúncio feito por Carlos Moedas no dia 5 de Outubro, na reunião da Câmara Municipal, uma semana depois, foi aprovado um voto de condenação a essa intenção, proposto pelo PCP, com o apoio de todos os restantes vereadores de Esquerda.

Que o PCP deteste o 25 de Novembro de 1975 percebe-se. Para os comunistas aquele dia representou o fim de um sonho totalitário que eles alimentavam. Que a restante Esquerda radical siga pelo mesmo caminho, é normal. Afinal de contas todos eles são os “lesados do 25 de Novembro”. O que não pode deixar de causar admiração, é o facto de os vereadores do PS em Lisboa aparecerem, praticamente cinquenta anos depois, desse lado da barricada. Será que os vereadores do PS se esqueceram do contributo histórico e relevante do seu partido na consolidação da democracia em 1975? Ninguém explicou aos vereadores do PS o papel de Mário Soares na luta contra a tentativa desses partidos radicais de Esquerda de impor uma nova ditadura em Portugal?

Dizem as Esquerdas que o 25 de Novembro é uma data que não gera consenso e que divide. É verdade! Divide aqueles que lutaram e lutam por um Portugal livre e democrático, por uma Democracia liberal do tipo ocidental, daqueles que preferiam uma ditadura do proletariado e que atualmente choram pela defunta URSS e respetivas “conquistas civilizacionais”, ou se recusam a saudar a queda do Muro de Berlim, momento libertador e de esperança para milhões de pessoas na Europa. É esta a divisão que o 25 de Novembro suscita.

Na Iniciativa Liberal não pretendemos reescrever nem ajustar contas com a História. Também não pertencemos ao clube dos derrotados de Abril ou de Novembro. Celebramos com alegria as duas datas e festejamos a Liberdade e a Democracia que Abril nos trouxe e que Novembro nos garantiu.

Quanto aos “lesados do 25 de Novembro”, têm toda a liberdade de assumir política e publicamente a sua posição, pois em Novembro de 1975, foi também essa a escolha que se fez: não silenciar ninguém e garantir que todos poderiam ter opinião e voz. É assim a Democracia!


Artigo publicado no Diário de Notícias