Portugal vive de crise em crise, afogado num marasmo, já imune aos sucessivos escândalos diários. Não se pode fingir que tudo está bem e que a navegação à vista nos vai levar a bom porto. Se noutros tempos fomos heróis do mar, certamente conseguiremos afastar esta crise que nos assola. Mas que crise é esta que se instalou de forma insidiosa, silenciosa e ardilosa? E onde está o nosso D. Sebastião?

Diariamente somos bombardeados com crises pelo país fora: na saúde, na educação, na habitação, nos transportes… Ao final de sete anos, o governo socialista de António Costa finalmente percebeu que pouco ou nada fez para aproximar Portugal do resto da Europa. Sequioso do PRR, António Costa vai apresentando planos (de)Mais: Mais Habitação; Mais Saúde; Mais Educação.

Ironicamente, o país caminha na direcção contrária. O número de pessoas com dificuldades económicas continua a crescer, com os jovens a verem-se obrigados a fugir de Portugal em busca de outras oportunidades – esses “ingratos” que, ao contrário de um certo discurso do Bloco de Esquerda, acham que ganhar dois mil euros por mês não é ser rico. A inflação diminui cada vez mais a capacidade financeira dos portugueses, que já nem transportes têm para chegar aos seus locais de trabalho.

No interregno, o Governo continua a deixar desprotegidos os mais frágeis em mais duas crises gravosas.

Em primeiro lugar, a verdadeira crise da saúde, com mais uma urgência fechada – desta vez no Hospital de Loures -, que deveria dar resposta a cerca de 300 mil pessoas, por exclusiva responsabilidade deste Governo, ainda que Manuel Pizarro se continue a esconder na fachada da “comissão executiva do SNS” e do seu testa-de-ferro, Fernando Araújo.

Em simultâneo, temos uma crescente crise social, em que vemos a pobreza a aumentar diariamente, assim como o número de pessoas em situação de sem-abrigo (com tantos edifícios devolutos a seu cargo, o Estado continua a não apresentar verdadeiras soluções).

Como se não bastasse, assistimos a centenas de doentes a aguardar uma resposta social enquanto estão internados. Ou seja, a junção destrutiva destas duas crises em várias famílias. Este é o retrato do nosso país. Este é o retrato deste Governo. Este é o retrato de António Costa.

No entanto, a verdadeira crise é outra: a crise dos valores. Um governo envolto em corrupção, que brinca com os impostos do seu povo e que se agarra de modo parasitário ao poder, sabendo que não tem competências para atingir o sucesso fora da sua esfera.

De António Costa já não se espera outra atitude. A sobranceria e a arrogância são há muito a sua imagem de marca. Não nos podemos esquecer que chamou os médicos de cobardes em plena pandemia e que ainda não teve a dignidade de se desculpar. Fala da crise na habitação, mas vai acumulando propriedades e gerando riqueza em torno delas. Fala de problemas no SNS, mas paga o seu seguro de saúde para recorrer aos privados e evitar listas de espera infindáveis. Fala de um rumo certo para o país, mas continua a escolher para os cargos de poder, não os que merecem, mas sim os que estão envoltos numa névoa de corrupção.

E, como se não bastasse este suposto líder, temos outro que se perdeu pelo caminho. Aquele que deveria ser o D. Sebastião e aparecer neste nevoeiro em que vivemos para mudar o curso de Portugal: Marcelo Rebelo de Sousa. Sim, o Presidente da República ficará para a história como um dos responsáveis pelo estado a que chegou este país. Para evitar uma crise política, prefere dar a mão a este governo, na esperança de que mais nenhum ministro seja investigado por corrupção.

Marcelo ora diz que o Primeiro Ministro está cansado, ora diz que este tem imensa energia. Assiste na primeira fila a um Governo que tenta mudar voos do Presidente para ter o seu apoio político. Navega ao sabor do vento e, com medo de ferir susceptibilidades, prefere enterrar os seus (poucos) valores do que defender aquilo que é melhor para o país. Se Marcelo defendesse os portugueses da forma intransigente como tem lutado contra a eutanásia, certamente este Governo já teria sido desmantelado.

Marcelo que queria ser lembrado como um homem do povo com tantas selfies e beijinhos, ficará para a história como o homem que deu o beijo da morte a Portugal.

Cobardes, meus caros, não são os trabalhadores que mal sobrevivem neste país e que procuram melhores condições. Cobardes são os que vêem de perto um país moribundo e fingem que são cegos.

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Autor: Diogo Drummond Borges
Data: 5 de maio de 2023
Publicação: NOVO Semanário