Skip to Content

Sem segurança não há liberdade

Opinião de Angélique Da Teresa

Se não estivermos juntos os extremistas continuarão a aproveitar o momento e o medo para se autopromover; enquanto isso os problemas continuarão a aumentar por ser terreno fértil para os criminosos.


Não é admissível que haja pessoas presas dentro das suas próprias casas à espera de autorização de quem domina um bairro, para poder sair.

Não é admissível que haja pessoas, muitas delas com mobilidade reduzida, que ficam à mercê da ajuda dos vizinhos e de familiares para poderem ir à rua, porque as caixas dos elevadores estão a ser usadas como depósitos de armazenamento de droga.

Não é admissível que haja pessoas que não chamem a polícia quando há desacatos na rua, casos de violência doméstica, ou quando há vizinhos que fazem festas pela madrugada adentro, sem respeitar o direito ao descanso dos restantes, porque têm receio de serem ameaçadas pelos desordeiros.

Não é admissível que andem a queimar caixotes do lixo, autocarros ou carros, seja de quem for.

Não é admissível que tenham ateado fogo a um condutor da Carris, estando esse homem atualmente em coma.

Não é admissível que as pessoas sejam julgadas ou discriminadas por morarem num determinado bairro, quando tudo o que fazem é trabalhar naquilo que ninguém quer fazer.

Não é admissível que todos os polícias sejam acusados de racismo ou violência policial, assim como não é admissível que todos os moradores da Cova da Moura ou do Bairro do Zambujal sejam acusados de serem bandidos.

Não é admissível que a polícia seja apedrejada.

Não é admissível que os autocarros sejam apedrejados.

Acho que concordamos todos, que estas inadmissibilidades o são em qualquer parte do país, mas continuando…

Todos somos iguais perante a lei.

Todos aqueles que vestem uma farda da polícia devem estar ao “serviço da Ordem, ser prudente sem fraqueza, firme sem violência, sereno e valoroso no perigo. Respeitar os direitos e garantias individuais e zelar pelas liberdades democráticas.”

Todos aqueles que não respeitam a lei devem ser julgados e punidos, independentemente de usarem farda ou não, porque ninguém pode estar acima da lei.

Todos aqueles que, diariamente, lidam com o pior que a humanidade tem para oferecer querem sentir-se seguros, porque só com segurança podem ser livres.

Todos aqueles que pedem auxílio à polícia querem rapidez na resposta, independentemente do local onde estejam.

Todos temos o dever de respeitar aqueles que sacrificam a própria vida para responder aos nossos pedidos de socorro.

Acho que facilmente concordamos com todos estes deveres.

Chegados a este ponto, se concordamos com as 391 palavras que aqui escrevi, parece-me que temos muito mais em comum, do que aquilo que nos separa.

Aliás, normalmente a separação é promovida por aqueles que têm alguma coisa a ganhar com isso. O que seria da extrema-esquerda se não inflamasse o discurso do racismo contra a polícia? O que seria da extrema-direita se não usasse a polícia como instrumento para atacar as populações que não consideram ser “Portugueses de bem”?

De qualquer forma, não podemos fingir que os problemas não existem.

Existem e devem ser resolvidos para que o vandalismo e o crime não saiam impunes.

Esses maus elementos, estejam eles onde estiverem, não podem continuar a manchar o bom nome de comunidades inteiras que só querem dar um futuro melhor aos seus filhos; nem podem manchar a dignidade de uma das mais nobres profissões, que é a de ser polícia.

Se não estivermos juntos, os extremistas e oportunistas vão continuar a aproveitar o momento e o medo para se autopromover; enquanto isso, os problemas vão continuar a aumentar, por ser terreno fértil para os criminosos. Se estivermos juntos em querer resolver os problemas, estes distúrbios serão uma má memória da nossa história recente e estou certa de que vamos ser capazes de mostrar que, de facto, somos uma Nação Valente.


Ler artigo no Observador

Sem segurança não há liberdade
Angélique Da Teresa 29 de outubro de 2024
Partilhar este artigo
Etiquetas
Arquivo
O Último Dono da Verdade (ou assim pensa André Ventura)
Opinião de Miguel Vargas no Observador