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O Povo é quem mais ordena

Opinião de Jorge Coutinho de Miranda no Observador
Sondagens, comentários, opiniões sobre o tudo e essencialmente sobre o nada, sobre o que não é importante e acessório, sobre a leveza do ser, e sobre os dotes ou a falta dele dos protagonistas destas eleições, eis o que conseguimos extrair e que nos faça pender o voto para o mais apto e mais capaz de nos extrair do marasmo em que nos encontramos. O Santo, do alto da sua incapacidade apenas consegue espalhar dúvidas sobre quem poderá apoiar quem, não rejeitando, se e só se isto e aquilo e aqueloutro, sem nada dizer e sobretudo sem nada explanar sobre os temas que realmente importam ao eleitor para poder decidir. Passa a vida a provocar o seu rival que, gozando o prato, nem tuge nem muje sobre o desafio. E mais não adianta. A mana gémea apenas se preocupa com a avó, e espuma rancor e despeito sobre os lucros dos bancos e sobre os capitalistas, apelando ao confisco e “obrigando” a economia a vergar-se à sua vontade no arrendamento e nos juros, que com quantas provas dadas tem o mundo à vista na Venezuela, Cuba, Coreias e ex blocos comunistas a leste, que assim não se vai lá porque as leis que governam o mercado não dependem da vontade dos governantes. O idealista do PC preocupa-se com os salários, advogando o seu aumento sem que nada de relacionado com a produtividade se possa encontrar na lógica comunista, como convém, e provavelmente advogando-o na função pública, desconhecendo porventura que o dinheiro não é do estado, é nosso, é do povo e que se o usarmos sem freio e sem critério até a banca rota final esgotará os recursos dos que ainda conseguem pagar impostos num sem fim de criação de pobreza que é o único resultado do comunismo falhado onde foi aplicado na prática. O ideólogo livre vocifera basicamente o que bloquistas e comunistas dizem, mas com mais verborreia eloquente que parece estar a conquistar alguns dos fãs das teorias esquerdistas e quando muito contribuindo largamente para o fim do PC, e que até pode não ser má ideia. A defensora dos animais aplica o palavreado ideológico de pôr fim às touradas, esperando que possa ser repescada para uma eventual coligação à esquerda ou à direita, e advogando muito bem que se baixe o IVA de luxo que é cobrado aos donos dos animais pelos serviços de saúde que lhes são prestados, incluindo, mas sem o dizer, aos animais de produção e que teriam sem dúvida o acordo unanime de todos os agricultores de Norte a Sul, O nosso bem-aventurança na sua retórica bem-falante, vai creditando e apontando aquilo que observamos e ao âmago do muito que vivenciamos e assim ganhar mais uns pontos de vantagem nas sondagens ao nosso descontentamento vigente, enquanto os adversários vociferam populismos gritantes e o procuram isolar pela sua vertente farsista procurando mitigar o que dai poderá vir, qual pesadelo possa acontecer a 10 de março: tudo como dantes, quartel-general em Abrantes. O liberal lá vai somando alguns pontos aqui e acolá, representando um movimento que apresenta sem sombra de dúvidas um programa eleitoral bem estruturado, mas que tropeça continuamente numa retórica que faz lembrar um pouco uma cassete, repetindo os argumentos em tom de educador que pouco impacto tem tido em quem possa fazer algum esforço para o escutar, enquanto os seus adversário esquerdistas vociferam que ele representa quem quer tirar aos pobres para dar aos ricos, incapacitado que está em passar as ideias liberais e as suas vantagens claras de colocar rapidamente mais rendimentos a quem precisa por quererem acabar com o confisco fiscal a que estamos todos sujeitos e que teria o maior impacto precisamente nas classes mais desfavorecidas. O social e democrata tem sido uma surpresa agradável quanto mais não seja por conseguir irritar o Santo com a sua teimosia em não lhe ligar nenhuma com aquele ar trocista que as suas feições lhe conferem, mas que também pouco adianta naquilo que promete vir fazer, que basicamente é mais do mesmo que os sociais democratas sempre fizeram, que é repetir em cima dos mesmos problemas de sempre as sua soluções poucochinhas de sempre e que comprovadamente não vão ter impacto, com mais esmolas, mais clientela politica, mais cargos para os amigos famintos, mais estado e mais do mesmo como duas metades dum mesmo zero, não fosse o PS e o PSDois feitos praticamente da mesma cepa na sua génese. Sobre a Defesa, ainda ninguém se pronunciou, quando vivemos talvez um dos períodos mais conturbados de que há memoria desde a II Guerra Mundial, e estando nós particularmente vulneráveis e praticamente nos encontrarmos indefesos, sem Armada, Sem Exercito e Sem Força Aérea, e sem um vislumbre de modernização, sendo as Forças Armadas um dos motores de desenvolvimento, de preparação e de educação dos jovens que nelas ingressam por oferecerem saber e ofício em tantas e importantes valências e que prontamente podem ser absorvidos pela sociedade civil quando escorrido os contratos aos quais são obrigados de uma condição militar que merece e deve ser compensada. Sobre a Paz, o Pão, Habitação, Saúde, Educação vociferam-se slogans e intenções sem que nos debates consigamos perceber dos protagonistas o que quer que seja e de como as poderão implementar, por certo e por todos bem-intencionados, culminando na noite em prime time se algum riso dai possa ser retirado, no programa do Gato que é o mais visto neste nosso Portugal. De tudo o que será mais importante retirar, e que seria uma vitória sem sombra de dúvidas, é conseguir que o povo desta vez decida ir votar em massa, seja em que partido for, para agarrarem os políticos ao compromisso do entendimento, seja de que forma for, pois em todos os países mais civilizados as coligações são a norma. Na Alemanha é proibido haver governos de um só partido, pois a democracia faz-se de poder e contrapoder, do diálogo e do entendimento, conquanto saber que será impossível conciliar as ideias dos comunistas com as ideias dos liberais, mas que o consigam entre famílias mais à esquerda ou à direita, sem exceções, pois em democracia os votos de uns são iguais aos votos dos outros e não há, que eu saiba em Portugal, homens e mulheres que possam ser mais iguais do que outros, embora não pareça.

Publicado no Observador
O Povo é quem mais ordena
Jorge Coutinho de Miranda 1 de março de 2024
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