O resultado das eleições do passado dia 10 de Março, não foi surpreendente. O crescimento do partido Chega foi algo que todos nós esperávamos que acontecesse, só ninguém quis lidar com ele. Há vários motivos para o crescimento do Chega, o principal foi a ineficácia das políticas de esquerda que vivemos há mais de 7 anos no nosso país.
Desde que o Partido Socialista formou governo, apesar de ter sido o segundo partido mais votado (em 2015), com a construção da famosa geringonça, puxando, de alguma forma, o Bloco de Esquerda e a CDU para o poder, que a vida dos portugueses não melhorou nem o famoso horizonte de esperança apareceu. De seguida, fomos presenteados com uma maioria absoluta do Partido Socialista (corroborando a ineficiência da parceria criada à esquerda).
Temos um SNS destruído e que não funciona. Um SNS ineficiente, um SNS que não serve a população, que tem lista de espera para consultas e cirurgias intermináveis e chegou ao cúmulo de ter hospitais, serviços e urgências encerradas.
Temos uma escola pública que pauta pela falta de exigência, pelos maus resultados e pela má gestão (por falta de autonomia e cegueira ideológica).
Temos serviços públicos absolutamente miseráveis, prestadores de serviços que não cumprem com a sua prestação (e.g: CP), processos burocráticos que em nada ajudam a vida das pessoas.
Tudo isto não é culpa da direita como alguns nos querem dar a entender. Relembro que tivemos 8 anos de um governo de esquerda.
Há várias consequências a retirar deste estado da nação:
Milhões de pessoas, depois de esmagadas pelos impostos, têm que fazer uma enorme ginástica financeira para ter um seguro de saúde (única forma de acederem a tratamentos em tempo útil);
Milhares de pessoas que vêem o seu dinheiro ir para o lixo, quando não podem usufruir dos serviços públicos pelos quais pagam todos os meses;
Milhares de pessoas têm a sua vida em suspenso, sem puderem fazer planos a médio longo prazo, porque nunca se sabe o dia de amanhã e quanto mais o estado as vai penalizar;
Crescimento de partido com idéias extremadas e populistas como consequência da ineficácia de uma maioria absoluta.
Aos dias de hoje, temos um resultado eleitoral que agrada a muito pouca gente. Com o partido do canto, ninguém se entende tamanha é a demagogia. À esquerda, mesmo depois de governarem, vemos uma comunicação assente na raiva, na divisão de portugueses e numa suposta revolta contra a direita, que nada tem que ver com os resultados dos últimos 8 anos de governação.
Os resultados das eleições foram o que foram mas uma coisa é certa, foram eleições democráticas. A esquerda querer criar uma alternativa, é só concordar com o regime democrático apenas quando os resultados lhe são convenientes e isso não é ser democrata.
Tenho 27 anos e, a meu ver, estou numa fase importantíssima da vida, da minha carreira profissional e tenho pena que o caminho, daqui para a frente, muito provavelmente, tenha que passar pela emigração.
Portugal não me oferece as mínimas condições de estabilidade para ter uma vida decente. Os preços das casas não param de aumentar, os impostos, ao contrário do que é vendido pela esquerda, não têm fim ou redução à vista, os serviços públicos estão decadentes e miseráveis, a asfixia fiscal é enorme, não há escola pública decente, não há creches, e por aqui continuamos… Para alguém da minha geração estes temas causam uma ansiedade gigantesca em relação ao futuro.
Todos os dias vemos pessoas a emigrar para países do Norte da Europa. Países esses que se pautam por transferir mais responsabilidade e autonomia para as pessoas. Que confiam nas pessoas como garante da estabilidade de um país, ao invés de estarmos todos ou quase todos dependentes de um Estado todo poderoso e incompetente.
Portugal tem que mudar, Portugal tem que crescer. Temos a mesma capacidade de ser tão competitivos como qualquer outro país na Europa. Deixemos a cegueira ideológica de lado e comecemos a fazer crescer, a sério, o nosso país, a reter as nossas pessoas. Não podemos andar a desperdiçar milhões em educação para depois exportarmos os nossos melhores ativos.
É urgente baixar impostos, é urgente aumentar o poder de compra das pessoas, é urgente aliviar as empresas para que estas possam crescer e pagar mais e melhores salários, é urgente fazermos parcerias na área da saúde para que as pessoas tenham resposta, é urgente fazer uma reforma na gestão pública, é urgente darmos autonomia às escolas para que os alunos tenham aulas e os professores não tenham que fazer milhares de quilómetros por estarem deslocados, é urgente tornarmos o nosso país competitivo, íntegro e exigente consigo próprio.
O país tem que mudar, o país tem que se moderar e tem que ter políticas que o façam crescer, políticas que dêem autonomia e liberdade às pessoas. É também urgente explicar tudo isto às pessoas para que a única solução não seja votarem na demagogia e no populismo.
As pessoas têm o poder. As pessoas têm capacidade de fazer mais e de fazer melhor, assim o Estado permita.
Publicado no Observador